Denis Moreira
A série apresenta uma poética visual e narrativa onde o uso de materiais como carvão, aquarela e giz oleoso se torna uma extensão do discurso. Os desenhos não destacam figuras isoladas, mas dialogam com espaços vazios, criando tensão entre o implícito e o visível. Essa abordagem transforma-se em uma investigação sobre presença e ausência, densidade e translucidez.
Em "Prelúdio, Pretérito, Preto rito", há uma releitura contemporânea de formas tradicionais, como as esculturas angolanas, resignificadas sob uma lente pessoal e introspectiva. A repetição de traços e a exploração de camadas de pigmento falam de memória, identidade e rito, propondo uma reflexão sobre ancestralidade e tempo. Os contrastes entre carvão e aquarela reforçam a dualidade entre fragilidade e força. O preto profundo é contrabalançado pela leveza da aquarela, criando obras que oscilam entre o peso histórico e a efemeridade do presente. O desenho é como uma janela ao passado, convidando o observador a reinterpretar e completar a narrativa.
O compromisso com o “fazer” é evidente, com cada marca carregando uma intenção quase ritualística. A série reimagina, conectando história, técnica e subjetividade em um gesto artístico, promovendo discussões sobre arte, memória e a reconfiguração do passado pelo presente.
Sobre a obra
O artista tem como ponto de partida a cultura afrodescendente como reflexão sobre os meios de reconstrução da identidade. O diálogo das obras de Denis Moreira com a cultura se dá por meio de pesquisas sobre a história dos povos africanos e diásporas. O artista contemporâneo retrata os desafios da atualidade, criando pinturas e fotografias que propõem uma narrativa visual que coloca o espectador em um espaço de reflexão acerca de assuntos antagônicos da sociedade.