Denis Moreira
A série apresenta uma poética visual e narrativa onde o uso de materiais como carvão, aquarela e giz oleoso se torna uma extensão do discurso. Os desenhos não destacam figuras isoladas, mas dialogam com espaços vazios, criando tensão entre o implícito e o visível. Essa abordagem transforma-se em uma investigação sobre presença e ausência, densidade e translucidez.
Em "Prelúdio, Pretérito, Preto rito", há uma releitura contemporânea de formas tradicionais, como as esculturas angolanas, resignificadas sob uma lente pessoal e introspectiva. A repetição de traços e a exploração de camadas de pigmento falam de memória, identidade e rito, propondo uma reflexão sobre ancestralidade e tempo. Os contrastes entre carvão e aquarela reforçam a dualidade entre fragilidade e força. O preto profundo é contrabalançado pela leveza da aquarela, criando obras que oscilam entre o peso histórico e a efemeridade do presente. O desenho é como uma janela ao passado, convidando o observador a reinterpretar e completar a narrativa.
O compromisso com o “fazer” é evidente, com cada marca carregando uma intenção quase ritualística. A série reimagina, conectando história, técnica e subjetividade em um gesto artístico, promovendo discussões sobre arte, memória e a reconfiguração do passado pelo presente.
As obras apresentam uma rica trama de significados, justapondo retratos históricos e máscaras africanas de diversas etnias. A estética destaca-se, levando à introspecção sobre as raízes e identidades dos povos retratados. As máscaras sobrepostas aos rostos históricos evocam histórias de lutas, conquistas e heranças culturais. A textura do fundo, reminiscentes de madeira envelhecida, e os elementos que remetem a notas de dinheiro, adicionam complexidade e simbolismo. Este diálogo visual entre valor material e riqueza imaterial das tradições africanas convida à reflexão sobre ancestralidade e identidades contemporâneas.
A série promove uma discussão sobre a valorização das identidades negras, destacando a importância de reconhecer raízes ancestrais para resistir e prosperar. A narrativa visual atua como um espelho da sociedade, refletindo injustiças do passado, resiliência e riqueza cultural resultantes da valorização dessas histórias. As obras convidam à contemplação e valorização da complexidade e beleza das histórias, reconhecendo a contribuição dos povos africanos para uma identidade global mais inclusiva e enriquecida.

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Denis Moreira
Luisa Mahim Nyame Dua - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Luis Gama Okodee mmowere - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Tereza de Benguela Neo Ope Se Obedi Hene - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Abdias do Nascimento Neo Onnmi No Sua A, Ohu - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
André Rebouças Aya - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Carolina de Jesus Dwennimmen - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Marcus Garvey Fowhodie - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Kwame Nkrumah Bi Nka Bi - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Luisa Mahim Nyame Dua - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm


Harriet Tubman Akrofena - 2020
Fotomontagem impressa sobre madeira
84x59 cm