Denis Moreira
A série apresenta uma poética visual e narrativa onde o uso de materiais como carvão, aquarela e giz oleoso se torna uma extensão do discurso. Os desenhos não destacam figuras isoladas, mas dialogam com espaços vazios, criando tensão entre o implícito e o visível. Essa abordagem transforma-se em uma investigação sobre presença e ausência, densidade e translucidez.
Em "Prelúdio, Pretérito, Preto rito", há uma releitura contemporânea de formas tradicionais, como as esculturas angolanas, resignificadas sob uma lente pessoal e introspectiva. A repetição de traços e a exploração de camadas de pigmento falam de memória, identidade e rito, propondo uma reflexão sobre ancestralidade e tempo. Os contrastes entre carvão e aquarela reforçam a dualidade entre fragilidade e força. O preto profundo é contrabalançado pela leveza da aquarela, criando obras que oscilam entre o peso histórico e a efemeridade do presente. O desenho é como uma janela ao passado, convidando o observador a reinterpretar e completar a narrativa.
O compromisso com o “fazer” é evidente, com cada marca carregando uma intenção quase ritualística. A série reimagina, conectando história, técnica e subjetividade em um gesto artístico, promovendo discussões sobre arte, memória e a reconfiguração do passado pelo presente.
A mais de cinco anos venho pesquisando os saberes e costumes de algumas etnias africanas como os Massais do Quênia, os Senufo da Costa do Marfim e os Yourubás da Nigéria. Nesta série, realizo um aprofundamento de minhas raízes, trazendo um pouco do meu dna Angolano. Minha descendência Bantu está retratada nas máscaras Chokwe do norte de Angola, região da Lunda.
Este conjunto de trabalhos almeja dar potência a estes negros e negras que viveram no final do século XIX no Brasil. Homens e mulheres escravizadas, mas que através da cultura advinda da África se fortaleceram e criaram raízes no Brasil. Por meio desta ancestralidade, convoco o espectador a refletir acerca da história destas pessoas.
Neste projeto, pode-se encontrar a desintegração registrada nas roupas e parte dos rostos dos personagens, servindo de metáfora para as máscaras que são invocadas a conduzir o espectador nesta cura, fertilização e iniciação para algo que vai além do visível. As máscaras Mwana Pwo e Chihongo me desafiam a reconstruir um olhar sobre a vida, pensando no que já foi feito e o que está por vir.


Denis Moreira
Lwena pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Mwana pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Mwana pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Mwana pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Lwena Linya Pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Mwana pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm

Impressão sobre papel algodão - 59 x 42 cm
Lwena pwo - 2021
Fotomontagem impressa sobre papel
59 x 42 cm